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OLÍMPIO CAMPOS

Figura 29 – QR CODE vinculado a Olímpio Campos

 

 

      Num recorte temporal de Sergipe, destacado pela grande presença de canaviais e escravos, um homem de múltiplas atividades, Olímpio de Souza Campos, ou Olímpio Campos exerceu diversas funções, de sacerdote a político, perpassando pelo jornalismo e pela docência. Uma personagem pertinente para a compreensão dos amálgamas políticos, sociais e econômicos de Aracaju, de Sergipe e com ressonância nacional. 

      Segundo Luiz Antônio Barreto (2005), Olímpio Campos sempre foi participativo em relações aos debates mais polêmicos. O autor ressalta o caso da reprovação da instrução pública, a qual fora decretada em 1881 por Herculano Marcos Inglês de Souza. Sobre esse aspecto, importante salientar que enquanto Vigário da Matriz de Aracaju, Campos participou de debates e defesa ideológicas, seja no campo educacional ou político.

      Tal ação supracitada, é exemplo, pois os debates em relação a laicidade da educação, era defesa de intelectuais positivistas, logo, republicanos, exemplificando segundo Ana Paula da Silva Lúcio (2009), práticas educacionais as quais visavam retirar o ensino religioso como grade de ensino, logo, “a reforma da instrução pública, chocou-se diretamente com as tradições e as crenças dos homens que pretendiam disputar o poder político da região, nesse caso específico, o pároco da catedral, o padre Olímpio.” (2009, p. 03), pois defendia que a ausência do ensino religioso, seria extremamente prejudicial no que diz respeito à formação de novos professores, e consequentemente, dos alunos e sociedade como um todo. Destacamos que Olímpio Campos, homem do seu tempo, defendia uma ação que visasse

(...) convencer a sociedade da época, permeada de preconceitos e estereótipos baseados justamente no que pregava a Igreja Católica, dentro de uma moralidade cristã, que a reforma da instrução pública era um grave erro do presidente da província. O fato de se ter estudado, por exemplo, numa escola, conjuntamente meninos e meninas era inaceitável para a mentalidade tradicional sergipana. [1]

      Permeado por uma necessidade de reivindicação diante esse fato, Olímpio entrou para a política. Com a República firmando raízes, nossa personagem se manteve atuante, ocupando cada vez mais destaques e conquistando mandatos, principalmente como deputado, Intendente de Aracaju, senador e presidente do Estado. Nessa função, em 1900, ajuda Fausto Cardoso e Sílvio Romero a serem eleitos como deputados federal, e este, por sua vez, passa a ser uma das maiores oposições do presidente da república, conforme nos afirma Lúcio (2009).

      A presença de Olímpio Campos, pode ser considerada como a tradução da preocupação da Igreja em manter-se presente e participativa desse novo momento político brasileiro, ou seja, a República. Em 1890, fora fundador do Partido Republicano Sergipense (PRS), onde, apoiado pelo então presidente Campos Sales, solidificou uma dominação oligárquica em terras sergipanas. Destaca-se também reestruturação do antigo Partido Conservador, chamado de “cabaús”, o qual era constituído por grandes senhores de engenho, monarquistas, religiosos e conservadores do agreste, sendo considerado, como o principal representante[2].

      De 1899 a 1902, Campos foi presidente do Estado de Sergipe, consagrando-se Senador de 1903 a 1906. Devemos lembrar que esse era um momento em que nosso país vivia o chamado coronelismo, onde acordos políticos eram firmados, entre o presidente da República e as governanças estaduais. Logo, podemos considerar que a relação de Olímpio Campos era de apoio ao presidente, que por sua vez, fortalecia a política exercida pelo governador. Como típico coronel, Olímpio Campos estabeleceu seus elos, articulando interesses da Igreja e políticos, ficando assim, cada vez mais em evidência, e se destacando enquanto “(...) a maior liderança política conservadora do estado. Não era talentoso, e sem esperto. Não morria pelo Evangelho, vivia para o poder.”[3]

      Nos meandros da política, em 1905 temos Guilherme de Souza Campos, irmão de Olímpio como seu sucessor, e concomitantemente, a oposição ganhava cada vez mais espaços. As primeiras ações do novo representante do governo do estado já ganham críticas, principalmente da imprensa, causando assim, o retorno para Sergipe, do então deputado federal Fausto Cardoso, com a intenção de reprimir o avanço dos Campos nas esferas políticas.

      As disputas ficam cada vez mais acirradas, e a população de Aracaju, passa a ser a testemunha ocular dessa disputa. Em 1906, numa revolta armada motivada pelos “pebas”, ou seja, grupo político antagônico aos “cabaús”, derrubam Guilherme Campos do governo. Nesse caminhar, segundo Carmelo (2005), foi solicitada uma intervenção do governo federal de Rodrigues Alves, e durante a retomada do Palácio do Governo, Fausto Cardoso é alvejado, e em seus últimos suspiros de vida, proferiu suas últimas palavras: “ Mataram-me! Meus filhos me vingarão!”[4]. Diante dos fatos que ocorreram na capital sergipana, no dia 09 de novembro de 1906, Olímpio Campos foi alvejado pelos filhos de Fausto Cardoso, com 11 tiros e duas facadas, na Praça XV de Novembro, no Rio de Janeiro[5] .

      Passados 10 anos, é inaugurada em Aracaju a Praça Olímpio Campos, pelo então presidente do estado Manuel Valadão, e em 1954, o palácio do governo passa a ter a nomenclatura “Palácio do Governo Olímpio Campo”, pelo governador Arnaldo Garcez (NETO, 2016, n.p).

Figura 30 – Olímpio Campos

Fonte: Acervo particular do autor, Janeiro/2022.

      Para além das suspeitas em torno no fato de resultou na morte de Olímpio Campos, que inclusive, envolvem objetos como uma garrucha e seu “chapéu de sol”[6] essa personagem é completamente passível de análise, no sentido de ser sido um representante político de renome, num momento de transição do Império para República, e desenvolveu habilidade para transitar entre tais momentos, trazendo com ele, inclusive, um número considerável de adeptos, que viam em Olímpios Campos, o legítimo representante da Igreja Católica e da conservadora sociedade sergipana.

Exercício de aplicação

1. Leia com atenção o excerto abaixo, retirado do verbete “Olímpio Campos” de Sérgio Montalvão (s.d):

A carreira eclesiástica de Olímpio Campos teve início em Itabaianinha como assistente do vigário local. Promovido a vigário de Vila Cristina, atual Cristinápolis (SE), em 1880 foi transferido para a freguesia da capital sergipana, onde exerceu a jurisdição paroquial até 1900. Ingressando também na política imperial, foi eleito deputado provincial pelo Partido Conservador em 1882 e 1884. Destacou-se na luta pelo retorno da educação religiosa nas escolas públicas sergipanas, suprimida pelo presidente provincial Herculano Marques Inglês de Sousa. Eleito deputado geral para a legislatura 1886-1889, quando da queda da monarquia foi consultado pelo então presidente da província, Tomás Rodrigues da Cruz, e aconselhou-o a reagir pacificamente aos acontecimentos, o que lhe valeu os aplausos dos republicanos mais exaltados, como Fausto Cardoso. Aproximou-se do novo regime e foi indicado pelo presidente estadual Felisbelo Freire (1889-1890) para presidir o Conselho da Intendência de Aracaju, cargo equivalente ao de prefeito da cidade. Pediu demissão do cargo e, em seguida, fundou o Partido Católico Sergipense, congênere das agremiações políticas existentes no Rio de Janeiro e na Bahia, surgidas para lutar contra o decreto do governo provisório da República referente à inelegibilidade do clero. (...)Fundador e líder do Partido Republicano Sergipense (PRS), apoiado pelo presidente Campos Sales (1898-1902), Olímpio Campos consolidou o modelo de dominação oligárquica que iria perdurar mesmo após a sua morte, encerrando-se apenas depois do governo de José Rodrigues da Costa Dória (1908-1911).

Disponível em:<https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/CAMPOS,%20Monsenhor%20Ol%C3%ADmpio.pdf>. Acesso em:

 

Podemos considerar, que Olímpio Campos foi um importante representante da Igreja Católica e do cenário político de Sergipe. Escreva quais são os momentos onde é perceptível a presença de Olímpio Campos nesses dois âmbitos da sociedade sergipana.

 

 

Notas:

[1] LÚCIO, Ana Paula da Silva. O padreco e o monsenhor: Olímpio Campos no Sergipe de 1881. Monografia (Licenciatura em História) – Departamento de História, Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de Sergipe, 2009, p.06.

[2] NETO, Osvaldo Ferreira. Você sabe quem foi Olímpio Campos? s.d. Disponível em: <https://expressaosergipana.com.br/voce-sabe-quem-foi-olimpio-campos/>. Acesso em: 18 nov. 2021.

[3] LÚCIO, Ana Paula da Silva. O padreco e o monsenhor: Olímpio Campos no Sergipe de 1881, op. cit., p.17.

[4] CARMELO, Pe. Antônio. Olímpio Campos Perante a História, op. cit., p. 166.

[5] NETO, Osvaldo Ferreira. Você sabe quem foi Olímpio Campos? s.d. Disponível em: <https://expressaosergipana.com.br/voce-sabe-quem-foi-olimpio-campos/>. Acesso em: 18 nov. 2021.

[6] CARMELO, Pe. Antônio. Olímpio Campos Perante a História, op. cit., p. 182.

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Olímpio CamposProfessor Camillo Gustavo
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